terça-feira, 21 de junho de 2011

Revisão

Revisão.
  1. Passe as frases para o plural.

a)      Ele só usava terno azul-escuro.
b)      Participei de uma reunião político-social.
c)      Passeava no pasto um lindo cavalo castanho-claro
d)      O país já foi governado por ditador  todo-poderoso.

2.Elimine a expressão da cor de  e forme adjetivos compostos.
a) A bailarina usava maiô da azul da cor de piscina
As bailarinas usavam maiôs_______________________
b) No banheiro havia uma toalha verde da cor do mar.
No banheiro haviam duas toalhas__________________
Ela jamais compraria este vestido amarelo da cor de laranja.
Ela jamais compraria estes vestidos___________________
3.O grau do adjetivo. Grau é a flexão do adjetivo que intensifica ou atenua(diminui) a característica expressa por esse adjetivo.
Grau comparativo de superioridade
Grau comparativo de igualdade
Grau comparativo de inferioridade
Superlativo relativo de superioridade
Superlativo relativo de inferioridade
Superlativo absoluto  sintético
Superlativo absoluto analítico

a)      Marcos é tão alto quanto Lucas.
b)      Beto é mais alto que Tuco.
c)      Marcos é menos alto que Beto.
d)      Lucas e Marcos são os menos altos do time.
e)      Beto é o mais alto dos jogadores do time.
f)        Beto é muito alto.
g)      Beto é altíssimo.
4.Dê o adjetivo correspondente às locuções destacadas
a) tônica para cabelo
b) água da chuva
c) navegação por rio
d) impressão de dedos
e) traumatismo de crânio
f) doença do coração
g) carne de porco
h) doença do fígado
i) reunião de alunos

5. A frase que contém um adjetivo é:
a) A necessidade fez isto do homem.
b) Todos lutam para ter a liberdade.
c) A televisão nos mostra o mundo.
d) Ele usa um topete escandaloso.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Grau dos adjetivos

Adjetivo            superlativo absoluto sintético
agradável          agradabilíssimo
amargo             amaríssimo
amável              amabilíssimo
amigo               amicíssimo
antigo               antiquíssimo
benéfico           beneficentíssimo
célebre            celebérrimo
cruel                crudelíssimo
difícil                 dificílimo
doce                 dulcíssimo
feroz                 ferocíssimo
frio                   frigidíssimo
magnífico         magnificentíssimo
magro              macérrimo
miserável         miserabilíssimo
nobre              nobilíssimo
pobre                paupérrimo
sábio                sapientíssimo
sensível           sensibilíssimo
simpático         simpatícíssimo
simples            simplicíssimo

Locuçao Adjetiva

Locução adjetiva é o conjunto de palavras que tem o valor de adjetivos: amor de mãe = amor materno
Adjetivos               locução adjetiva

abdominal              de abdome
apícola                   de abelha
sacarino                  de acúcar
discente                  de aluno
aracnídeo               de aranha
bucal, oral              de boca
cefálico                   de cabeça
capilar                    de cabelo
canino                    de cão
plúmbeo                de chumbo
pluvial                    de chuva
cardíaco               de coração
digital                    de dedo
pecuniário            de dinheiro
ígneo                     de fogo
pecuário               de gado  
glacial                  de gelo
étario                   de idade
cutâneo               de cútis, pele
junino                  de junho
lateral                  de lado
lácteo, láctico       de leite
solar                    de sol
níveo                   de neve
noturno               de noite
paradisíaco          de paraíso
vital                     de vida
vítreo                   de vidro
eólico                  de vento
senil                    de velho
romanesco          de romance
real                     de rei
cervical               de pescoço   
ósseo                  de osso                       

A Moreninha

- O Autor:

Nasceu em Itaboraí [RJ], em 1820. Fez o curso de Medicina e, no m,esmo ano de sua formatura, 1844, publicou A Moreninha, muito apreciado pelo público da época. Foi jornalista, professor secundário, dramaturgo e romancista, obtendo destaque literário com este último gênero. Fundou, em 1849, a 'Revista Guanabara', juntamente com Gonçalves Dias e Araújo Porto Alegre. Morreu no Rio de Janeiro, em 1882.

II- Obra:

O dia de Sant'Ana se aproxima e o estudante de medicina, Filipe, convida seus colegas: Leopoldo, Fabrício e Augusto para a comemoração na ilha, onde mora sua avó, D.Ana, de 60 anos. Os alegres estudantes aceitam o convite com entusiasmo, exceto Augusto. Filipe, para atraí-lo à ilha, faz referência ao baile de domingo, em que estarão presentes suas primas: a pálida, Joana, de 17 anos, Joaquina, loira de 16 e sua irmã, D.Carolina, uma moreninha de 15.

Augusto acaba concordando, mas adverte sobre sua inconstância no amor, dizendo jamais se ocupar de uma mesma moça durante 15 dias. Os rapazes apostam que o amigo ficará apaixonado durante 15 dias por uma única mulher. Se isso ocorrer, terá de escrever um romance, caso contrário, Filipe o escreverá, narrando a inconstância.

Antes da partida, Fabrício envia uma carta a Augusto, pedindo-lhe ajuda para se livrar da namorada, a prima feia e pálida de Filipe, Joana. Durante a estadia, Augusto deve persegui-la e, Fabrício, fingindo ciúmes, termina o romance. Ao se encontrarem na ilha, o colega nega o auxílio e, à hora do jantar, Fabrício torna pública a inconstância amorosa do amigo.

Mais tarde, Augusto conta a D.Ana que seu coração já tem dono; uma menina que, por acaso, encontrou aos 13 anos, numa praia. Nesse dia, auxiliam a família de um pobre moribundo que lhes dá um breve como sinal de eterno amor; o da menina contém o camafeu de Augusto e o dele o botão de esmeralda da garota. O rapaz não a esquece e, como não sabe seu nome, passa a tratá-la por minha mulher. Enquanto narra a história, pressente que alguém o está escutando. Avista à distância a irmã de Filipe, um sucesso entre os rapazes, em especial, Fabrício, apaixonado pelos gestos e peraltices da doce Moreninha.

Chegada a hora das despedidas, Augusto não consegue pensar em outra coisa senão em D.Carolina. Recorda-se da meiguice da menina, quando esta lavava os pés da escrava, que passou mal na ilha por ter bebido além da conta. Retorna no domingo, acertando novo encontro para o final da semana. A Moreninha corresponde a todos os galanteios, ansiando pela volta. Contudo o pai do rapaz, ao visitá-lo, resolve impedir o retorno à ilha; quer vê-lo estudando, trancado no quarto.

Augusto fica tão abatido que, durante a semana, não consegue deixar o leito, sendo necessária a presença de um médico. Na ilha, a Moreninha, inconformada, se desespera até saber que o rapaz está doente. No domingo, coloca-se no rochedo, esperando o barco, enquanto canta a balada da índia Ahy sobre o amor da nativa pelo índio Aiotin. Na canção, a bela índia tamoia de 15 anos narra que o amado, vindo à ilha para caçar, jamais nota sua presença, mesmo quando lhe recolhe as aves abatidas ou refresca a fronte do guerreiro, adormecido na gruta. Tudo isso retira a alegria de viver da menina que, cansada de ser ignorada, chora sobre o rochedo, formando uma fonte. O índio, dormindo na gruta, acaba bebendo as lágrimas da jovem e passa, primeiro a percebê-la no rochedo, depois a ouvir seu canto e, finalmente, quando bebe da fonte, por ela se apaixona. Um velho frade português traduz a canção de Ahy para a nossa língua, compondo a balada que a Moreninha canta.

De repente, Carolina localiza Augusto e o pai no barco que se aproxima da ilha. D.Ana convida-os para o almoço e a Moreninha, pedida em casamento, dá um prazo de meia hora para dar a resposta, indo para a gruta do jardim, onde há a fonte de Ahy. O rapaz pergunta se deseja consultar a fonte, mas D.Ana, certa da resposta, pergunta-lhe se não deseja, também, refletir no jardim e ele parte imediatamente.

Encontra a menina que,
cruelmente, lhe recorda a promessa feita, na infância, junto ao leito do moribundo. Censura-o por faltar ao amor daquela a quem chama de sua mulher. Angustiado, o rapaz a contesta, afirmando se tratar de um juramento feito na infância e de desconhecer o paradeiro da menina. A Moreninha diz que incentivou seu amor por vaidade de moça e por saber de sua inconstância. Lutou para conquistá-lo e deseja saber, agora, quem ganhou, o homem ou a mulher. Augusto responde que a beleza. Carolina conta ter ouvido a história narrada a D.Ana e insiste no cumprimento da promessa.O rapaz desesperado, prefere fugir da ilha, abandonar a cidade e o país. Mesmo que encontrasse a menina, lhe pediria perdão por ter se apaixonado por outra. Repentinamente, arranca de debaixo da camisa o breve com a esmeralda para espanto da Moreninha.

O casal chora pateticamente, Carolina pede a Augusto para procurar 'sua mulher' e lhe explicar o ocorrido e, só, então, retornar. Ele concorda, mas não sabe onde ela está. A Moreninha diz que, certa vez, também, ajudou a um moribundo e sua família, recebendo pelos préstimos um breve, contendo uma pedra que daria o que se deseja a quem o possuísse. Passa o breve ao rapaz, para ajudá-lo na busca, pedindo que o descosa e retire a relíquia. Rapidamente, ele o desfaz e dando com seu camafeu, atira-se aos pés da amada. D.Ana e o pai de Augusto entram na gruta, encontrando-o de joelhos, beijando os pés de Carolina, perguntam o que está ocorrendo.A menina responde que são velhos conhecidos, enquanto o moço repete que encontrou sua mulher.

Filipe, Fabrício e Leopoldo retornam à ilha para as preparações do casamento e, recordando que um mês havia se passado, lembram a Augusto do romance e ele lhes responde já tê-lo escrito e que se intitula A Moreninha.
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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Obra: Inocência

2. VISCONDE DE TAUNAY (1843-1899)
Vida: Alfredo d'Escragnolle-Taunay nasceu no Rio de Janeiro, no seio de uma família aristocrática e dada às artes. Seu avô paterno, Nicolau Antônio, viera da França para fundar a Academia de Belas Artes do Rio de janeiro. Seu pai, o também pintor Félix Taunay, tornara-se preceptor de d. Pedro II. Induzido pelos familiares a abraçar a carreira das armas, Alfredo cursou engenharia na Escola Militar e como segundo tenente participou da expedição que tentou repelir os paraguaios que dominavam o sul da província de Mato Grosso. A derrota militar que se seguiu, ocasionada pela falta de víveres e pelo cólera, seria retratado de forma pungente em A retirada de Laguna, relato escrito em francês, já que o futuro visconde era bilíngüe.
Finda a Guerra do Paraguai tornou-se professor de geologia da Escola Militar. Em 1872, publicou Inocência, espécie de Romeu e Julieta sertanejo, certamente a sua principal obra. Foi nomeado presidente da província de Santa Catarina e depois presidente do Paraná. Em 1886, alcançou o Senado, mas por fidelidade ao Imperador, abandonou a política após a proclamação da República. Diabético, morreu na capital federal com cinqüenta e seis anos incompletos.
Obras principais A retirada da Laguna (1871); Inocência (1872).
Visconde de Taunay é o mais interessante dos ficcionistas do sertanismo romântico, embora tenha publicado apenas um romance dentro da referida linhagem.
INOCÊNCIA
Resumo
Cirino, um rapaz de boa índole e muito curiosidade, viaja pelo sertão do Mato Grosso, apresentando-se como médico e dando consultas, quase sempre bem sucedidas, embora seja apenas um "prático"* , com experiência de farmacêutico. Em determinado momento, conhece Pereira, um pequeno proprietário rural que está voltando para casa e que possui uma filha doente.
Cirino aceita a hospitalidade oferecida por Pereira e cura a febre da jovem (Inocência), causada pela maleita. Só que ao vê-la, impressiona-se profundamente com a sua beleza e se apaixona pela sertaneja. No entanto, Inocência já estava prometida por seu pai a um vaqueano, Manecão, caracterizando-se assim a temática nuclear do romance: a do amor impossível.
Simultaneamente, um naturalista alemão, Meyer, que vaga pelos sertões, caçando borboletas, apresenta-se na pequena fazenda sertaneja, acompanhado de um cômico servo e trazendo uma carta de recomendação do próprio irmão de Pereira. Este recebe o cientista de braços abertos mas, por ser muito rústico, não entende que as galanterias que o alemão destina a Inocência são apenas frutos de sua educação e passa a temê-lo e vigiá-lo. Conta para isso com um fiel serviçal, um anão mudo chamado Tico. Sem entender nada do que está se passando, Pereira pede a Cirino que permaneça em sua casa até a partida do alemão para ajudar na guarda da filha, inclusive arranjando-lhe alguns pacientes.
Inocência e Cirino mal conseguem se falar até que, numa noite, o rapaz bate à janela da jovem e confessa-lhe a paixão. Ela responde da maneira mais simplória que alguém pode imaginar:
Mas por que é que mecê gosta tanto de mim? Mecê não é meu parente, nem primo, longe que seja, nem conhecido sequer... Eu lhe vi apenas pouco tempo... e tanto se agradou de mim?
Em seguida, acusa o falso médico de virar-lhe o juízo através de algum feitiço. Mas este a convence da sinceridade de seu amor e Inocência descobre-se igualmente apaixonada por ele. Os dois jovens voltam a se encontrar mais uma vez às escondidas, quando então Cirino propõe a fuga como alternativa para a realização amorosa. Inocência, entretanto, se recusa a isso com medo que o pai a amaldiçoasse e sugere que o namorado buscasse o apoio de um padrinho dela, Antônio Cesário, por quem o Pereira tinha muito respeito.
Enquanto isso, o naturalista alemão descobrira uma espécie desconhecida de borboleta e resolvera batizá-la com o nome de Inocência, deixando Pereira indignado e cada vez mais vigilante. Porém logo o cientista parte, dissipando as suspeitas do pai da sertaneja. Também Cirino viaja em busca do auxílio de Antônio Cesário. Ao mesmo tempo, Manecão, o noivo prometido chega à casa de Pereira. Inocência se recusa a validar o compromisso entre ambos e é espancada pelo pai. Através da mímica, o anão mudo indica o pseudo médico como o responsável pela insubordinação da garota. Exasperado, Manecão vai atrás de Cirino e o assassina.
O romance tem seu desfecho com o sábio Meyer recebendo grande homenagem na Alemanha pela descoberta da borboleta (Papilio Innocentia), sem saber que dois anos antes Inocência preferira desaparecer a se casar com Manecão, encontrando na morte a sua própria salvação.

Iracema, a virgem dos lábios de mel

"Iracema" - Resumo e análise do livro de José Alencar

Escrito em prosa poética, esse romance é um dos principais representantes da vertente indianista do movimento romântico e traça uma espécie de mito de fundação da identidade brasileira
A narrativa de Iracema estrutura-se em torno da história do amor de Martim por Iracema.
Diferentemente do que ocorre em outros romances de José de Alencar, como O Guarani, o enredo de Iracema é aberto a interpretações. A relação entre Martim e Iracema significa a união entre o branco colonizador e o índio, entre a cultura européia, civilizada, e os valores indígenas, apresentados como naturalmente bons. É uma espécie de mito de fundação da identidade brasileira.

Ainda menino, Alencar fez uma viagem pelo sertão. A experiência dessa viagem de garoto seria constantemente evocada pelo futuro escritor em seus romances, com imagens e impressões da exuberante natureza brasileira. Alguns espaços merecem destaque por ser palco de importantes acontecimentos desse romance: o campo dos tabajaras, onde fica a taba do pajé Araquém, pai de Iracema; a taba de Jacaúna, na terra dos potiguaras (ou pitiguaras); a praia em que vivem Martim e Iracema e onde nasce Moacir.

IMAGENS E METÁFORAS
Uma das grandes habilidades de Alencar está em representar o pensamento selvagem por meio de uma linguagem cheia de imagens e de metáforas. Sabe-se que as sociedades que não avançaram no terreno da lógica argumentativa (que pressupõe noções científicas básicas) têm em contrapartida grande riqueza no plano mitológico. Elas se valem dos mitos e das histórias para explicar o mundo.
O pensamento do selvagem é imagético e, por isso, está muito próximo da poesia. Vê-se nesse ponto como o autor soube unir forma e conteúdo. De outro modo seria difícil caracterizar a linguagem do índio sem prejuízo da verossimilhança.

BASE HISTÓRICA A narrativa inicia-se em 1608, quando Martim Soares Moreno é indicado para regularizar a colonização da região que mais tarde seria conhecida como Ceará.

José de Alencar era leitor assíduo de Walter Scott, criador do romance histórico, e foi influenciado por esse escritor. Como em vários romances de Alencar, Iracema mistura ficção e documento, com enredo que toma como base um argumento histórico. Essa junção se deve também ao projeto de criação de uma literatura nacional, no qual Alencar e os demais escritores românticos do seu tempo estavam fortemente empenhados.

Ainda quanto ao aspecto histórico, que o autor levou em conta ao compor a obra, ressalte-se que os índios potiguaras (habitantes do litoral) eram aliados dos portugueses, enquanto os tabajaras (habitantes das serras cearenses) eram aliados dos franceses.

ENREDO A primeira cena antecipa o fim do livro, o que reforça a unidade da obra: Martim e Moacir deixam a costa do Ceará em uma embarcação, quando o vento lhes traz aos ouvidos o nome de Iracema.

No segundo capítulo, a narrativa retrocede no tempo até o nascimento de Iracema. A personagem é então apresentada ao leitor: “Virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira”. A índia é descrita como uma linda e excelente guerreira tabajara, “mais rápida que a ema selvagem”. Por isso mesmo, sua reação ao avistar o explorador Martim é desferir-lhe uma flechada certeira. Essa é também uma referência à flecha de cupido, já que, desde o primeiro olhar trocado pelos personagens, se percebe o amor que floresce entre os dois.

Martim desiste de atacar a índia assim que põe os olhos nela. Iracema, por sua vez, parece atirar a flecha por puro reflexo, pois logo depois se arrepende do gesto e salva o estrangeiro, levando-o até sua aldeia.

Martim é recolhido à aldeia pelo pajé Araquém, pai de Iracema, e apresenta-se a ele como um aliado de seus inimigos potiguaras que se perdera durante uma caçada. O pajé o trata com grande hospitalidade e garante hospedagem, mulheres e a proteção de mil guerreiros.

Iracema oferece mulheres a Martim, que prontamente as recusa e revela sua paixão por ela. O amor de Martim é cristão, idealizado. O de Iracema também, mas por motivo diverso: ela guarda o segredo da jurema, por isso precisa manter se virgem. Esse é o estratagema que Alencar utiliza para transpor o amor romântico europeu às terras americanas. Uma índia, criada fora dos dogmas cristãos, não teria motivos para preservar sua virgindade.

AMOR PROIBIDO
As proibições reforçam ainda mais o amor entre a índia e o português. São as primeiras de muitas provações que tal união terá de enfrentar. Em linhas gerais, o romance estrutura-se no embate entre tudo o que une e o que separa os dois amantes.

Irapuã é o chefe guerreiro tabajara e funcionará, no esquema narrativo da obra, como um antagonista de Martim. Na primeira desavença entre os dois, o velho pajé Andira, irmão de Araquém, intervém em favor do estrangeiro. Iracema pergunta ao amado o motivo de sua tristeza e, percebendo que ele tinha saudade de seu povo, pergunta se uma noiva branca espera pelo seu guerreiro. “Ela não é mais doce do que Iracema”, responde Martim. Irapuã nutre amor não correspondido pela virgem e logo reconhece no português um inimigo mortal.

Iracema conduz Martim ao bosque sagrado, onde lhe ministra uma poção alucinógena. O guerreiro branco delira, e a índia adormece entre os seus braços.

Enquanto isso, Itapuã continua alimentando planos para se livrar do estrangeiro. O amor entre os protagonistas parece impossível de se concretizar, por isso Martim é coagido por Iracema a voltar para sua terra. Caubi, irmão de Iracema, acompanha-os. No caminho de volta, porém, são atacados por guerreiros liderados por Irapuã. Martim, Iracema e Caubi refugiam-se na taba do pajé Araquém, que usa de um truque para salvar o português da ira do chefe guerreiro.

Sucede-se o encontro amoroso entre Martim e Iracema, narrado delicadamente pelo autor. Martim está inconsciente por ter ingerido a bebida da jurema e a índia deita-se ao seu lado. A frase “Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras” é a sutil indicação de que a união amorosa se realizara.
Os acontecimentos que se seguem têm como pano de fundo a guerra entre potiguaras e tabajaras. Martim escapa de seus inimigos tabajaras e une-se aos vencedores potiguaras. Iracema, porém, sente-se profundamente triste pela morte dos entes queridos e não suporta viver na terra de seus inimigos.

O casal muda-se então para uma cabana afastada, localizada numa praia idílica. Com eles vai Poti, o grande amigo de Martim. Lá vivem um tempo de felicidade, culminando com a gravidez de Iracema e o batismo indígena de Martim, que recebe o nome de Coatiabo, ou “gente pintada”. Com o passar do tempo, contudo, o português se entristece por não poder dar vazão a seu espírito guerreiro e por estar com muita saudade de sua gente. A bela índia tabajara também se mostra cada vez mais triste.
Numa ocasião em que Martim e Poti saem para uma batalha, nasce o filho, Moacir. Quando os dois amigos voltam da guerra, encontram Iracema à beira da morte. O corpo da índia é enterrado aos pés de um coqueiro, em cujas folhas se pode ouvir um lamento. Daí vem o nome Ceará, canto de sua jandaia de estimação, uma ave que sempre a acompanhava.

CONCLUSÃO
Iracema, por amor a Martim, abandona família, povo, religião e deus. É uma clara referência à submissão do indígena ao colonizador português. Alguns dizem que o nome Iracema é também um anagrama de América.